11 de março de 2013

Memória e Patrimônio Material na Zona Rural: A Arqueologia Histórica na Região de Itatiba/SP1

Por Neide Barrocá Faccio
FCT/Unesp – Presidente Prudente


Conclusão

É necessário preservar o patrimônio cultural existente. O levantamento e estudo de sítios em todo o território brasileiro representam um avanço, embora muito ainda precise ser feito para preservação.

O impacto sobre o patrimônio arqueológico pode ser entendido como o conjunto de alterações que a obra projetada venha a causar nos bens arqueológicos e ao seu contexto, impedindo que a herança cultural das gerações passadas seja transmitida às gerações futuras (MORAIS, 2005).

A história de Itatiba é conhecida por meio de documentos textuais esparsos e por tradição oral. Contudo, esta é a história de poucos. Esta pesquisa deve contribuir para o conhecimento de aspectos da História local e da Arqueologia que trata do período da colonização portuguesa no Brasil, bem como da preservação e promoção do patrimônio arqueológico local.

Apesar dos Sítios Itatiba e Itatiba II estarem destruídos e apresentarem uma pequena quantidade de materiais construtivos, coloca-se a hipótese de nos locais ter, no período da ocupação, casas de taipa. Certamente, os materiais construtivos foram retirados das áreas dos sítios para reaproveitamento, haja vista que os locais não apresentam indícios de terraplanagem, ou movimentação significativa do solo.

Entre os materiais dos Sítios Itatiba e Itatiba II predominaram os fragmentos de cerâmica, faiança, porcelana e vidro. A faiança apresentou grande variedade de estampas, principalmente para o caso do Sítio Itatiba.

O não reaproveitamento desses materiais após a quebra, certamente explica as diferenças quantitativas entre os diferentes tipos de materiais.

A grande maioria dos utensílios de faiança e porcelana dos sítios foi importada. Já com relação à cerâmica da Tradição Neobrasileira, verifica-se uma, a mais frequente, de produção local e outra, pouco frequente, de produção externa.

Certamente, a cerâmica neobrasileira de produção local desempenhava um papel importante no cotidiano da cozinha das casas rurais. Mesmo assim, algumas peças podiam ser adquiridas fora do domínio da produção local.

A cerâmica neobrasileira de produção local dos Sítios Itatiba e Itatiba II apresentaram indicativos de terem sido produzidas sob a influência cultural indígena, européia e negra. As mãos que confeccionaram aquelas cerâmicas, certamente, foram comandadas por valores culturais de etnias diversas. Indígenas, negros e brancos inseriram na cerâmica, em tela, suas marcas.

Mas o que os índios estariam fazendo em áreas rurais, onde o branco escravizava o negro? Provavelmente, estes índios estavam sob a condição de administrados. Os relatos históricos tradicionais “contam” a história da escravidão negra, mas se omitem quando se trata da situação do indígena. Dessa forma, a principal contribuição deste relatório de pesquisa é mostrar que há indícios fortes da presença indígena no Município de Itatiba.

Além das evidentes influências culturais indígenas impressas na cerâmica neobrasileira, também atestam a presença dos índios no local, as pedras lascadas, ainda que tenham ocorrido em pequena quantidade.

A fórmula South de datação média de louças proposta por Stanley South possibilitou obter a data média de 1849 para o Sítio Itatiba e 1867 para o Sítio Itatiba II.

Essas são as primeiras reflexões, colocadas para as áreas dos Sítios Itatiba e Itatiba II. Contudo, sabe-se das inúmeras possibilidades de análise e interpretações que os materiais evidenciados suscitam. Dessa forma, os materiais evidenciados estão preservados das ações do empreendimento e estão disponíveis no Museu do Índio de Iepê para o aprofundamento dos estudos, ora iniciados.

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