9 de fevereiro de 2012

Prefeitos de Valinhos e Vinhedo querem barrar tombamento de serras



Área de preservação ambiental cortaria bairros em Valinhos e Vinhedo

Os prefeitos de Valinhos, Vinhedo, Louveira e Itatiba irão contestar a decisão de abertura de processo de tombamento das serras dos Cocais, dos Lopes, Atibaia e do Jardim. O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) iniciou os estudos visando a preservação daquelas áreas. O problema, segundo os prefeitos, é que há uma vasta área urbana nessas serras e, enquanto não houver uma decisão final, nenhuma intervenção pode ser feita sem a autorização do conselho, nem mesmo uma reforma.

“Metade da cidade vai ser tombada e isso inviabilizará Vinhedo”, disse o prefeito Milton Serafim (PR). Segundo ele, a delimitação da área em estudo de tombamento inclui uma região muito grande, que no caso de Vinhedo pega cerca de 20 vilas, entre a ferrovia e Itatiba. “Nós vamos recorrer para que a área urbana fique fora do tombamento. Eu apoio totalmente a preservação da serra, de seus atributos naturais, mas acho que os bairros devem ficar fora.”

O prefeito de Valinhos, Marcos José da Silva (PMDB), também entrará com recurso, porque há bairros constituídos dentro da área delimitada pelo conselho. “Imagina o que será se a cada reforma ou construção nesses bairros o morador tiver que esperar autorização do Condephaat. Isso vai prejudicar muito a cidade. Tombar o patrimônio natural é o correto e tem o apoio dos quatro prefeitos, mas queremos garantir que os bairros não sejam prejudicados”, afirmou.

Essas serras poderão se constituir na Área de Proteção Ambiental (APA) do Sauá, cujo projeto de lei de criação tramita na Assembleia Legislativa desde 2006. A futura APA estaria delimitada ao norte pelo Rio Atibaia, a leste pela Rodovia Romildo Prado, ao sul pela ferrovia e a oeste pelo Ribeirão Pinheiro.

A ideia é controlar as pressões urbanizadoras e das atividades agrícolas e industriais, compatibilizando as atividades econômicas e sociais com a conservação dos recursos naturais, buscando o desenvolvimento sustentável. A APA, longe de ser uma área apenas restritiva e cerceadora, pode estruturar a região de forma a compatibilizar a preservação dos atributos naturais com o desenvolvimento econômico regional.

A proposta com o projeto que cria a APA do Sauá é ligar as APAs já existentes de Campinas e Jundiaí, fomentando a criação de corredores de mata entre os municípios da região, e os ligando com as áreas protegidas no corredor de biodiversidade da Serra do Mar. Na Serra dos Cocais, por exemplo, nascem diversos córregos e ribeirões formadores do Rio Atibaia, Ribeirão Pinheiros e do Rio Capivari. Esses rios abastecem toda a Região Metropolitana de Campinas e, na época de estiagem, fornecem 50% da água da região metropolitana de São Paulo. Por esse motivo, a Serra dos Cocais é de grande importância como bacia de recarga.

Seu subsolo possui um conjunto de cavernas granitoides, algumas consideradas como as maiores do Brasil. Sua vegetação é uma transição entre Mata Atlântica e cerrado, abriga também um pequeno mostruário de flora seca da caatinga, um remanescente de vegetação da última fase seca da época da glaciação, de mais de 10 mil anos. Nela habitam vários animais em extinção, como a onça-parda, o veado campeiro e a jaguatirica.

Com a urbanização, a serra deixará de ser fornecedora de água do Rio Atibaia para ser consumidora, debilitando ainda mais sua capacidade. Ela é também situada na bacia hidrográfica do Rio Piracicaba, atualmente considerada com um quadro crítico pelo Comitê de Bacias Hidrográficas.

Fonte:correio.rac.com.br

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