A oferta de água nas cidades da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) é a terceira situação mais crítica entre as bacias de São Paulo, segundo o Relatório de Qualidade Ambiental, divulgado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente. A superexploração dos recursos hídricos já faz com que 78,4% da água disponível nos rios sejam consumidas nas residências, indústrias e agricultura. A demanda de 52,58 metros cúbicos por segundo é coberta sem qualquer segurança hídrica por uma disponibilidade de 67 metros cúbicos por segundo. A pior situação está na Bacia do Tietê, seguida da Bacia do Turvo, na região Norte do Estado.
O Alto Tietê tem o maior nível de criticidade do Estado porque a demanda por recursos hídricos (81,93m³/s) é praticamente o dobro da disponibilidade mínima de água (39m³/s). Para suprir essa demanda, é feita a transposição de águas da Bacia do Piracicaba para o Sistema Cantareira.
Na Bacia PCJ, o balanço hídrico é crítico devido à superexploração das águas superficiais. A água, no entanto, não está toda disponível para saciar a demanda de uma população de 5,1 milhões de habitantes porque uma parte considerável, pertencente ao Rio Piracicaba, é transferida para o Sistema Cantareira (cerca de 30 metros cúbicos por segundo), sendo responsável por metade do abastecimento doméstico necessário à Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
Além de enviar água para São Paulo, a Bacia do Piracicaba ainda faz exportações internas de água, com a transposição das águas (com recursos de sua sub-bacia do Rio Atibaia), para as dos rios Jundiaí, para garantir o abastecimento de Jundiaí, e do Capivari, para assegurar o completo abastecimento de Campinas. O mesmo ocorre, internamente, da Sub-bacia do Atibaia para a do Baixo Piracicaba e da Sub-bacia do Jaguari para as do Atibaia e do Baixo Piracicaba, segundo o relatório.
O documento informa que, além de pouca, a qualidade da água é apenas regular. O índice de qualidade é medido considerando-se variáveis que indicam o lançamento de esgoto nos corpos d’água. Para avançar nesse indicador, informa o relatório, é necessário um aumento dos índices de coleta e tratamento de esgoto doméstico. Também é preciso melhorar a operação das estações de esgoto, com aprimoramento da eficiência do tratamento. As previsões de investimento nos próximos dez anos trazem boas perspectivas para essa melhoria, segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
A qualidade da água para a proteção da flora e fauna, em geral, é ruim na Bacia do Piracicaba porque as variáveis essenciais para a vida aquática, como oxigênio dissolvido, PH e toxicidade, substâncias tóxicas, clorofila e fósforo total ainda são ruins.
“Precisamos avançar em medidas que já estão em curso na nossas bacias, como a recuperação das matas ciliares. Não existe nada que funcione tão bem para proteger a nossa água como as matas nativas que crescem nas margens dos mananciais”, disse o engenheiro o engenheiro agrônomo Ronaldo Contrera, que atua em educação ambiental. As matas ciliares funcionam como um filtro natural. Seguram a terra, os agroquímicos e adubos que, na sua ausência, acabam nos mananciais. Essas matas também funcionam como grandes esponjas que absorvem a água quando chove e vão soltando-a lentamente nos mananciais durante vários dias.
Parte dessa água retida vai para o lençol freático que abastece as nascentes, bicas e poços. A água precisa de tempo para penetrar no chão e chegar no lençol freático. Sem a mata ciliar, a água corre por cima da terra em grande velocidade, chegando rapidamente ao rio, causando as enxurradas e enchentes.
Migração industrial impulsionou demanda
O Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ criou, em 1991, o programa de proteção aos mananciais, visando à garantia de água de qualidade para a população das bacias. Esse programa consta de produção de mudas florestais nativas para distribuição aos proprietários rurais, procurando envolver a comunidade e estimular as técnicas corretas de plantio, visando à conservação do solo e minimizando a utilização de produtos químicos.
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