11 de fevereiro de 2019

Cavernas Serra dos Cocais - Grupo de Espeleologia da Geologia USP



A Serra dos Cocais é lar de um grande número de cavernas formadas em rocha granítica. Trabalhos realizados pelo grupo GESMAR já mostraram algumas cavidades como a Gruta Santa Rita e Espírito Santo. O rico arcabouço espeleológico da Serra dos Cocais prossegue sendo explorado, com descober-tas relevantes sendo feitas todo ano.

Desde 2007, mas com projetos retomados em 2015 e com parceria em campo do EGRiC, o GGeo (Grupo da Geo de Espeleologia - USP) desenvolve trabalhos nas cavidades da Serra dos Cocais. Dentre as mais de 20 grutas en-contradas, duas já foram completamente mapeadas, cinco se encontram no CNC (Cadastro Nacional de Cavernas) e outras tantas estão sendo exploradas e mapeadas.

O GGeo acredita na importância do estudo de tais cavidades, uma vez que, apenas a partir do conhecimento das mesmas, pode-se caminhar rumo à preservação do patrimônio espeleológico brasileiro, eixo ao qual o grupo é ideologicamente a favor.



Formação das cavernas

Diferentemente das "típicas" cavernas de calcário formadas por dissolu-ção da rocha, as cavernas em granito não possuem sua gênese ligada a esse tipo de processo.

O principal fenômeno que permite originar cavernas nessas rochas está relacionado aos depósitos de blocos, chamados depósitos de tálus. Isso ocorre da seguinte forma: o granito – rocha bastante resistente à dissolução – sofre um processo intempérico que tende a torná-lo esférico (ou quase esférico). Com o passar do tempo, esses blocos (que podem ser de diferentes tamanhos) rolam para uma região mais baixa segundo a gravidade. Os "espaços" entre os blocos constituem as cavernas.

Vale ressaltar que a origem de cavernas em granito ainda precisa ser estudada mais profundamente, pois pode haver diferentes tipos de formação.

No entanto, o processo descrito acima desempenha grande papel no caso das grutas exploradas.


Principais cavernas

Mais de 20 cavernas foram identificadas na Serra – que possui potencial para abrigar muitas mais. Dentre essas, destacam-se:

Gruta das Cordas. Até agora, a maior caverna identificada. Com a topo-grafia em andamento, já ultrapassa 300m de desenvolvimento, extensão que, para uma caverna formada em granito, é considerada significativa. A gruta também é diversa em fauna e possui locais com notáveis coralóides.

Gruta da Coxinha. Esta gruta ainda não foi mapeada, nem totalmente explorada, mas já se enquadra como uma cavidade de destaque por apresen-tar amplo desenvolvimento e rica diversidade faunística. Alguns blocos são sustentados por raízes de uma figueira de grande porte, o que oferece um belo cenário ao local.

Gruta dos Sonhos e Gruta do Acampamento. Essas cavernas não pos-suem desenvolvimento tão amplo, porém já foram totalmente exploradas pelo grupo. Também são as cavernas que tiveram a topografia concluída até o mo-mento. No caso da Gruta dos Sonhos, os coralóides são abundantes.

Gruta Santa Rita e Gruta Espírito Santo. Cavernas exploradas e mapea-das pelo grupo GESMAR em trabalhos anteriores.



Fauna e flora nas cavernas

Durante as explorações nas grutas, observa-se que esses ambientes são ricos em fauna. Os animais mais frequentemente encontrados são: ara-nhas, opiliões, grilos e morcegos, além de outros artrópodes e caracóis. Even-tualmente, em cavernas com água, pode-se encontrar pequenos peixes, cuja espécie ainda não foi identificada.

A flora também se faz presente nas cavidades. Em algumas grutas, co-mo é o caso da Gruta das Cordas, as raízes da vegetação superficial permeiam os blocos de granito e podem ser encontradas até em salões e condutos mais profundos. Além disso, há uma intrínseca relação entre a vegetação e as ca-vernas, uma vez que elas são localizadas em áreas de drenagem, que também é onde se concentra a vegetação.


Espeleotemas

Espeleotemas são formações rochosas tipicamente encontradas no inte-rior de cavernas. Apesar da rocha granítica – como é o caso da Serra dos Co-cais – não favorecer a formação de espeleotemas, é possível sim, no interior das grutas, encontrá-los.

Trata-se de espeleotemas do tipo coralóides. São pequenos nódulos de rocha normalmente não maiores que 1cm que lembram a forma de coral (ou de pipoca). Podem ocorrer tanto nas partes do teto quanto no “piso” da caverna, e já foram identificados em diversas cavidades, com abundância e tamanhos va-riáveis. Estudos sobre a formação e composição química desses espeleotemas ainda precisam ser conduzidos.



Futuro

Muito trabalho ainda precisa ser desenvolvido na Serra dos Cocais no que tange à espeleologia. Seja sobre prospecção, cadastro, pesquisas sobre fauna e espeleotemas ou mapeamento, as cavernas da Serra dos Cocais mos-tram-se, a cada ano, mais envolventes e interessantes.

O GGeo tem realizado este trabalho com muito entusiasmo e curiosida-de. E pretende prosseguir, tentando jogar uma luz nas belezas e mistérios con-tidos nas fascinantes cavernas da Serra dos Cocais.

Henrique A. Fernandes Membro do GGeo

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